sábado, 14 de setembro de 2013


VIAJANDO E SABOREANDO OS ENCONTROS

Marilene Pitta

 (TERAPEUTA HOLÍSTICA FREQUÊNCIAS VIBRACIONAIS) RJ

Viajar é uma arte, ela deslumbra, celebra, alegra, reverencia, mas acima de tudo viajar é a arte do encontro. Todo encontro é uma surpresa que invade a nossa alma e nos conduz a um estado de sintonia com um campo energético muitas vezes indefinido.

Tudo tem início no sonho que se realiza. A gente fica pensando, pensando naquilo que poderá ser vivido, na fantasia de como será?

Aí junta o dinheiro, faz o roteiro, e vai para aquele roteiro sonhado.

Será mesmo que aquele roteiro expressa o movimento, o ritmo, o espaço, a sinfonia que a alma deseja saborear? Creio que é de fundamental importância uma organização e certa segurança, porém bom mesmo é abrir o espaço para a vinda do inusitado, do surpreender-se com as bênçãos que vem do Universo. Esse aspecto exige que saibamos enfrentar os desafios e entender a sincronicidade do momento. Creio que o vento nos chama (vento no sentido energético) emanamos um pensamento, uma emoção, um desejo e lá vai o vento levando em forma de súplicas aquele estado de pensar e sentir.

Eis o momento mágico para tudo se transformar, tornar-se encantado e os milagres acontecerem...

Lembro muito bem da minha primeira viagem ao Peru. Animada. Alegre. Planos e planos. Quando vi pela janela aquela Serpente Poderosa dos Andes fiquei atônita. Que esplendor! Que vigor! Que manifestação da Natureza na sua magnífica criação! Pensei na Medicina da Serpente que nos conduz aos mundos Sombrios da nossa personalidade. É o medo que paralisa!  E as atitudes e ações não avançam tudo fica parado, congelado na dor do não encontro.

Chegam junto à frustração, à raiva, a insegurança e mais do que nunca a impotência que enforca toda a mudança de comportamento. Um terror para as pessoas que ficam testemunhando o correr da vida escapando das mãos. Diante da grandiosidade da Serpente Andina novamente pensei na vivência Xamânica que faz parte do meu cotidiano! Quando estamos trabalhando com o Mundo das Sombras e a Serpente vem trazer á tona toda questão, na maioria dos casos desnudam-se cenas de infância, dos traumas vividos, das experiências que foram soterradas no inconsciente e de lá ficam enviando mensagens que nos atingem e nos colocam amarras fortes e com cadeados bem fechados. Esse é o mundo que a Serpente nos convida a entrar. Lembranças de uma inesquecível viagem ao Peru

há quase 20 anos e se renovou por mais três viagens em terras andinas!

E a nossa viagem escalada e comprada vai tomando forma e gosto assim como esse texto.

O voo e calmo entre nuvens e raios de sol. Como uma Águia o pássaro prateado chega ao solo e observo um povo sorridente, colorido, com chapéu de feltro ornamentado com laços e fitas.

Contemplo as pessoas e sei que algo muito especial irá acontecer naquela terra. Foi desse modo que conheci “o mistério do milho” seu sabor, seu calor, sua matriz arquetípica de nutrição. Sem milho não há vida nos Andes. Os guias e roteiros retiram essa informação que é mágica, o tom da terra, a forma como o ser humano lida e vive suas lendas e mitos.

Surpreendente!

Os poucos fui conhecendo os rituais Xamânicos, o poder dos cristais, especialmente da pedra turquesa, dos defumadores, das oferendas para a Pachamama.

Surpreendente!

A cruz andina tem um campo energético em seu centro que de acordo com a sintonia e vibração entra-se no mundo da Idade Dourada!

Surpreendente!

Andando pelas ruelas de Cuzco entrei em Igrejas magníficas, todos os santos e santas vestidos como seres humanos e embaixo das suas vestes ricamente bordadas lá estavam às oferendas com aromas, cheiros e sabores. Lembrei-me do Candomblé “santo também come”.

Surpreendente!

Fui convidada para uma sessão com os Apus – Espíritos das Montanhas. Pensei: seria bom conhecer dessa Espiritualidade Andina que se descortina para mim nesse momento sagrado. Lembram que no meu roteiro tinha um espaço para os milagres, pois é aconteceram...

Metida num poncho lindo de lã com gorro e tudo, segui pela noite banhada com a luz da lua cheia parecia grávida de tanta beleza. (acho mulher grávida de uma lindeza celestial – ser testemunha do ser em gestação na vida que já está quase nascendo para o mundo). Caminhava devagar e sentia um cheiro de terra molhada, de flores, os pássaros quietos e sonolentos. Seguia firme com a minha lanterna nos passinhos lentos e indagadores: o que será isso?

Fui recebida com uma xícara de chá de coca por causa da altitude. Fazia frio. O vento trazia notícias de mundos interdimensionais.

 

Todo mundo calado, afinal era uma cerimônia importante. O que é um Apu? Perguntei baixinho para uma campesina baixinha com riso largo e bondoso: minha filha é um Espírito das Montanhas que toma conta do povo andino desde sempre. Colheita, sementes, saúde, morte, vida é conduzida pelos Apus.

Fiquei pensando na Sabedoria Andina e ainda bem que aceitei o convite daquele Xamã que mudou o rumo de minha vida.

A sala estava ornamentada com flores do campo: linda e perfumadas; um aroma doce que me lembrava uma antiga canção de minha infância “ALECRIM, ALECRIM DOURADO QUE NASCEU NO CAMPO SEM SER SEMEADO”. Creio que a Espiritualidade caminha desse modo em nossos passos do viver. Vai espalhando convites e quem estiver na sintonia pega e aprova.

Silêncio. Fechem os olhos e respirem. Senti gotas de Água Florida em minha pele que logo ficou arrepiada: algo de fantástico iria acontecer naquele lugar distante de tudo e perto de DEUS.

Uma voz abafada e grave fez uma saudação em quéchua, não entendi, mas entendi pela emoção a mensagem. Ouvi um bater de asas vigorosas e uns gritos como se aquelas asas estivessem levando as nossas sombras, medos e tudo mais que vamos entulhando no caminho do bem viver.

Surpreendente!

Passou e todos foram convidados a abrirem os olhos. Vi que tinha passado mais de 3 horas, mas eu só tive a percepção de uns poucos instantes. Olhei para as pessoas e vi uma aura branca, todos mais leves e risonhos como se um fardo tivesse sido retirado da alma e do coração.

Surpreendente!

Nesse momento, entendi tudo que estava acontecendo em minha vida: mudar de cidade, mudar de profissão, mudar de tudo e com a Bênção dos Seres das Montanhas deixarem o fluxo da vida acontecer como agora.

Pois é, creio que depois de tudo isso vou fazer viagens com gente bem bacana que ama ser surpreendido pelos convites da vida.

Lá vamos nós. O Universo está planejando tudo e todos estão esperando essa aventura maravilhosa que é viver sonhando, rezando e celebrando os ENCONTROS DE VIAGENS.
 
Marilene Pitta (Peru) 1993.
 

 

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